No último dia 30 de agosto, lançamos a sexta edição da publicação "Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024" e o Dr. Arthur Guerra deu uma aula sobre os principais dados apresentados.
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Apresentação: Dr. Arthur Guerra, médico psiquiatra e presidente do CISA
A campanha Dry January ou Janeiro Seco propõe um mês de abstinência após as festas, quando costumamos exagerar um pouco. E, no caso dos brasileiros, antes do Carnaval.
Além da saúde física, já parou para refletir sobre sua relação com o álcool? Em que momentos você bebe?
Você e seus amigos só realizam programas regados a álcool? Você sabe quantas doses bebe em cada ocasião?
Assista nosso vídeo para entender mais sobre a campanha!
O Maio Amarelo é uma campanha global que busca conscientizar a população sobre a segurança no trânsito. A cada ano, milhares de vidas são perdidas em acidentes que poderiam ser evitados, muitos deles também causados pelo consumo de álcool.
O Maio Amarelo é uma campanha global que tem como objetivo colocar em pauta a segurança no trânsito e mobilizar a sociedade para a redução dos altos índices de mortes e acidentes.
Segundo o Global Status Report on Alcohol, Health and Treatment of Substance Use Disorders (OMS, 2024)1, o consumo de bebidas alcoólicas foi responsável por cerca de 2,6 milhões de mortes no mundo em 2019. Destas, aproximadamente 724 mil foram causadas por lesões, incluindo acidentes de trânsito, automutilações e violência interpessoal. A faixa etária mais afetada está entre 20 e 39 anos — justamente a mais ativa no trânsito, seja como condutores, motociclistas ou pedestres.
De acordo com dados da publicação do CISA - Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024, o consumo de bebidas alcoólicas continua sendo um fator significativo nos acidentes de trânsito no Brasil. Em 2022, foram registradas 5.321 ocorrências em rodovias federais envolvendo condutores sob a influência de álcool, resultando em 204 mortes e 3.060 feridos. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal autuou 32.410 motoristas por dirigir alcoolizados no mesmo período. Esses números reforçam a importância da manutenção e intensificação das ações de fiscalização, como as operações da Lei Seca, e da conscientização da população sobre os riscos da associação entre álcool e direção.
A Lei Seca, implantada no Brasil em 2008, vem apresentando um impacto significativo na redução de mortes no trânsito relacionadas ao consumo de álcool. Segundo análise do CISA, entre 2010 e 2021, houve uma diminuição de 32% na taxa de mortalidade por acidentes de trânsito atribuídos ao uso de álcool, passando de 7 para 5 óbitos por 100 mil habitantes. Apesar dessa redução, o número de internações hospitalares por acidentes envolvendo álcool aumentou 34% no mesmo período, totalizando 75.983 hospitalizações em 2021. Esses dados ressaltam a importância contínua de políticas públicas eficazes e campanhas de conscientização para combater o consumo de álcool ao volante e promover a segurança no trânsito.
Neste contexto, o Maio Amarelo surge como uma importante plataforma de conscientização e educação para o trânsito. A campanha reforça que atitudes individuais como não beber antes de dirigir, respeitar os limites de velocidade e utilizar o cinto de segurança, fazem toda a diferença. Promover um trânsito mais seguro é responsabilidade de todos, e a informação é o primeiro passo para a mudança de comportamento.
Estudo realizado em adolescentes na Austrália apontou que intervenção baseada em traços de personalidade mostra eficácia na prevenção do consumo de álcool entre adolescentes, com benefícios duradouros até o início da vida adulta.
O uso nocivo de álcool é um fator de risco conhecido para diversas formas de comportamento impulsivo e violento, incluindo suicídio. Um estudo observacional conduzido no Brasil analisou a relação entre níveis de álcool no sangue e casos de suicídio em municípios da região metropolitana de São Paulo, revelando associações entre o consumo de álcool e mortes por suicídio.
Um estudo recente1 com dados do Instituto Médico Legal do Estado de São Paulo (IML-SP) e publicado na revista Forensic Science, Medicine and Pathology investigou a relação entre o consumo de álcool e suicídios em quatro municípios da Grande São Paulo: Franco da Rocha, Caieiras, Mairiporã e Francisco Morato. A pesquisa analisou dados de 805 necropsias realizadas entre 2001 e 2017, das quais 41 casos foram identificados como suicídio. O objetivo foi avaliar a presença de álcool no sangue dos indivíduos e sua possível influência no ato suicida.
Os resultados mostraram que 92,68% das vítimas de suicídio apresentaram concentrações elevadas de álcool no sangue (acima de 0,3 mg/dl), com médias particularmente altas em casos de enforcamento (2,3 mg/ml). Além disso, os dados indicaram que a maioria das vítimas era do sexo masculino (85,36%), predominantemente jovens adultos entre 18 e 23 anos. Entre as mulheres, a faixa etária mais afetada foi de 12 a 23 anos, destacando um padrão preocupante de vulnerabilidade entre adolescentes.
Os pesquisadores também observaram que o uso de métodos mais letais, como armas de fogo e objetos cortantes, estava associado a níveis mais elevados de álcool no sangue. Esses achados reforçam a hipótese de que o consumo nocivo de álcool pode aumentar a impulsividade e reduzir as inibições contra comportamentos autodestrutivos.
Com base nos achados, algumas recomendações são importantes:
Essas recomendações são particularmente relevantes para regiões com alta desigualdade socioeconômica, onde o consumo de álcool e os índices de suicídio tendem a ser mais elevados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que a prevenção do uso nocivo de álcool é um fator importante que pode contribuir significativamente para a redução das taxas de suicídio.
A recaída é um fenômeno complexo e um desafio substancial no tratamento do transtorno por uso de álcool (TUA). Apesar dos avanços em tratamentos psicológicos e medicamentosos, uma parte considerável dos indivíduos volta a consumir álcool após um período de abstinência. Estimativas apontam que até 60 a 70% das pessoas podem recair nos primeiros seis meses após o tratamento.1 Entender o que caracteriza uma recaída, quais fatores aumentam esse risco e como preveni-la é essencial para promover uma recuperação mais duradoura.
O que é a recaída - e como ela se diferencia de um lapso?
Embora muitas vezes usados como sinônimos, recaída e lapso representam situações diferentes no processo de recuperação. Lapso é um episódio isolado de consumo de álcool, que pode ocorrer durante a recuperação, mas não implica necessariamente o retorno ao padrão de consumo anterior. Já a recaída é entendida como um processo mais amplo, que envolve o retorno a um padrão problemático e sustentado de consumo.
Estudos destacam que a recaída deve ser analisada tanto como um evento discreto (por exemplo, qualquer consumo de álcool após um período de abstinência) quanto como um processo mais complexo, influenciado por diversos fatores ao longo do tempo. Essa distinção é importante, pois nem todo lapso leva à recaída – e reconhecer isso pode ajudar a evitar sentimentos de fracasso que desmotivam a continuidade do tratamento.
Fatores que aumentam o risco de recaída
Pesquisa aponta fatores específicos que elevam significativamente o risco de recaída.1 Um deles é a anedonia, ou seja, a dificuldade em sentir prazer nas atividades do dia a dia. Pessoas com altos níveis de anedonia apresentam maior chance de voltar a beber após o tratamento. Outro fator importante é o tabagismo: indivíduos que continuam fumando durante o tratamento para o TUA têm mais risco de recaída do que ex-fumantes ou não fumantes .
Além disso, o tempo de abstinência antes do início do tratamento também tem papel relevante. Pessoas que haviam parado de beber há menos tempo antes de iniciar o tratamento mostraram maiores taxas de recaída ao longo dos meses seguintes.
Um estudo que monitorou indivíduos em tempo real, por meio da Avaliação Ecológica Momentânea (EMA), mostrou que o estresse cotidiano é um gatilho direto para recaídas.3 Participantes que relataram níveis elevados de estresse tinham maior probabilidade de consumir álcool nas horas seguintes, indicando que o estresse atua como um disparador imediato — e não apenas como um fator de risco geral. A pesquisa também observou que, à medida que o estresse aumentava ao longo do dia, crescia também o desejo de beber, sugerindo que o álcool pode ser utilizado como forma de aliviar tensões momentâneas, o que reforça o risco de recaída.
Prevenção: o que funciona?
A prevenção da recaída envolve estratégias que atuam sobre os fatores de risco citados. Intervenções que incluem o tratamento de sintomas depressivos (como a anedonia), o incentivo à cessação do tabagismo e o fortalecimento de habilidades de enfrentamento diante de situações de estresse são especialmente eficazes. O apoio contínuo após o fim do tratamento formal também é fundamental, ajudando a identificar sinais precoces de risco e evitar que um lapso evolua para uma recaída completa. Compreender a recaída como um processo – e não apenas como um “fracasso” – permite que profissionais e pacientes construam juntos planos mais realistas, empáticos e ajustados às necessidades individuais.
A recaída no transtorno por uso de álcool é um fenômeno comum e multifacetado, que pode ser prevenido com estratégias baseadas em evidências. Compreender a diferença entre um lapso e uma recaída, identificar fatores de risco como anedonia, tabagismo e baixa abstinência prévia, e oferecer suporte contínuo são passos fundamentais para uma recuperação mais sólida. Recaídas não significam o fim do caminho – com o suporte certo, é possível retomar a trajetória de sobriedade com confiança e consciência.
As diferenças no padrão de consumo podem influenciar como a pessoa lida com suas emoções e até certos traços de personalidade. A seguir, exploramos evidências científicas recentes que mostram como pessoas que bebem moderadamente diferem emocionalmente daquelas que fazem uso abusivo de álcool, considerando regulação emocional, traços de personalidade e fatores individuais envolvidos.
Regulação Emocional e Manejo do Estresse
Por que algumas pessoas conseguem consumir álcool de forma moderada, sem ter problemas, ao passo que outras têm dificuldades de lidar com a substância? Uma diferença importante entre beber moderadamente e abusar do álcool está na capacidade de regulação emocional – ou seja, como a pessoa gerencia sentimentos como estresse, tristeza ou raiva. Estudos indicam que indivíduos que consomem álcool de forma abusiva tendem a ter mais dificuldade em lidar com emoções negativas sem beber, em comparação com quem bebe moderadamente.1 Muitas vezes, quem bebe em excesso utiliza o álcool como “válvula de escape” para tensões do dia a dia, o que aponta para uma regulação emocional menos eficiente. De fato, pesquisa com pessoas em tratamento por dependência do álcool mostrou que elas apresentam maiores déficits na habilidade de tolerar sentimentos negativos do que indivíduos que bebem socialmente.1 Por outro lado, consumidores moderados geralmente não dependem do álcool para enfrentar emoções difíceis – eles costumam empregar outras estratégias de enfrentamento, mantendo melhor equilíbrio emocional sem precisar se embriagar. Vale notar também que o uso abusivo pode piorar as emoções no longo prazo: após episódios de bebedeira, é comum surgirem sintomas como ansiedade elevada, irritabilidade e humor deprimido durante a ressaca. 2
Traços de Personalidade e Impulsividade
Além de afetar como lidamos com as emoções, o padrão de consumo de álcool também se relaciona a traços de personalidade. Pessoas que fazem uso abusivo de álcool frequentemente exibem traços como maior impulsividade e busca de sensações intensas, bem como uma tendência a experimentar humores negativos com mais frequência. Pesquisas recentes apontam que consumidores pesados de álcool, em média, tendem a ser menos conscienciosos (ou seja, menos disciplinados e organizados) e menos agradáveis (podendo demonstrar mais hostilidade), além de apresentarem níveis mais altos de neuroticismo – traço ligado à instabilidade emocional e propensão à ansiedade e oscilações de humor.3 Em outras palavras, quem abusa do álcool costuma ser mais impulsivo e emocionalmente reativo. Por exemplo, alguns estudos mostram que tanto bebedores moderados quanto alguns bebedores pesados tendem a ser um pouco mais extrovertidos em comparação a abstêmios, buscando socialização, mas os bebedores abusivos se diferenciam por essa impulsividade elevada e menor autocontrole, que pode levá-los a exceder os limites seguros de consumo.3 Esses traços de personalidade impulsivos podem predispor ao consumo exagerado e, ao mesmo tempo, ser agravados pelo hábito de beber em excesso, criando um ciclo negativo.
Padrão de Uso e Dose: Efeitos Emocionais Diferentes
O efeito do álcool nas emoções também varia conforme a dose ingerida e o padrão de uso. Em doses baixas a moderadas, o álcool costuma ter efeito desinibidor leve e ansiolítico, ou seja, pode reduzir a tensão e favorecer uma sensação de relaxamento e bem-estar momentâneo. Há evidências de que o uso moderado aumenta emoções positivas e a sensação de vínculos sociais – as pessoas ficam mais descontraídas e socialmente engajadas após pouco álcool.4 Não é à toa que, em contextos sociais, quem bebe moderadamente relata se sentir mais alegre ou sociável. No entanto, esse efeito tem um limite. À medida que a dose de álcool aumenta (no uso abusivo), os efeitos podem se tornar prejudiciais: doses altas de álcool podem gerar mudanças bruscas de humor, aumento de agressividade ou reações emocionais exageradas. Estudos com jovens adultos mostram que episódios de bebedeira intensa trazem mais consequências negativas – como arrependimentos, discussões ou comportamentos de risco – sem necessariamente aumentarem as sensações positivas.5
Em resumo, abstêmios ou quem consome álcool de forma moderada tendem a apresentar maior equilíbrio emocional, usando a bebida em contextos sociais e demonstrando mais controle sobre seus impulsos. Já o uso abusivo está associado a maior dificuldade na regulação emocional, impulsividade e oscilações de humor. Essas diferenças são influenciadas tanto pela dose ingerida quanto por características individuais, como a forma de lidar com o estresse. Manter a moderação ajuda a proteger não só a saúde física, mas também o bem-estar emocional.
Não existem remédios para a ressaca, porém é possível sim amenizar os sintomas.
Além da quantidade consumida, seus hábitos também podem influenciar na gravidade da ressaca do dia seguinte.
Assista ao vídeo para saber mais!
A formação de hábitos relacionados ao consumo de álcool transcende questões puramente individuais, refletindo complexas interações entre fatores neurobiológicos, contextos socioculturais e determinantes socioeconômicos. Pesquisas recentes indicam que, embora comportamentos saudáveis estejam associados a menores riscos de consumo problemático, apenas 3% a 12,3% das disparidades em saúde relacionadas ao status socioeconômico podem ser explicadas por escolhas de estilo de vida. Isso sugere que abordagens efetivas para a prevenção de transtornos por uso de álcool devem considerar tanto os mecanismos neurobiológicos de formação de hábitos quanto os determinantes sociais mais amplos.
A análise integrada dos estudos recentes sobre consumo de álcool, formação de hábitos e contextos socioculturais revela uma teia complexa de fatores que influenciam o desenvolvimento de padrões de consumo e potenciais transtornos. Uma meta-análise publicada por Giannone e colaboradores (2024) demonstra como comportamentos inicialmente orientados por objetivos podem progressivamente se transformar em hábitos automáticos com o consumo crônico, tornando-se menos sensíveis a consequências negativas.
Da escolha consciente ao comportamento habitual
A transição de um comportamento voluntário para um hábito automático não ocorre de maneira abrupta, mas sim de forma gradual e probabilística. Evidências de estudos em humanos e modelos animais indicam que o álcool pode acelerar a formação de hábitos quando comparado a outras recompensas, como alimentos. Este processo neurobiológico ajuda a explicar por que, mesmo diante de consequências adversas evidentes, algumas pessoas mantêm padrões prejudiciais de consumo.
Em indivíduos com histórico de uso intenso de álcool, observam-se alterações significativas nos processos de tomada de decisão, com menor engajamento em controle baseado em metas e maior propensão ao comportamento habitual. É importante destacar que, em estágios avançados, esse processo pode evoluir para a compulsividade, definida como a persistência do uso mesmo diante de punições ou consequências adversas claramente identificáveis.
Contextos socioculturais como determinantes
Para além dos mecanismos neurobiológicos, Sudhinaraset e colaboradores (2016) demonstram que o uso problemático de álcool resulta da interação entre influências sociais, culturais e ambientais. Fatores macro, como marketing e políticas públicas, interagem com elementos comunitários, como a disponibilidade de bebidas alcoólicas, e aspectos relacionais, como hábitos familiares e influência de pares.
Esta perspectiva social-ecológica é particularmente relevante para compreender as vulnerabilidades específicas de determinados grupos populacionais. Minorias étnicas e imigrantes, por exemplo, podem enfrentar maior exposição a contextos de risco, como discriminação e estresse de adaptação cultural. Paradoxalmente, a manutenção de determinadas tradições culturais de origem pode atuar como fator protetivo em alguns casos, destacando a complexidade dessas interações.
Estilo de vida, status socioeconômico e saúde
Um estudo de coorte conduzido por Zhang e colaboradores (2021), analisando dados de mais de 440 mil adultos nos Estados Unidos e Reino Unido, revelou que, embora estilos de vida não saudáveis sejam mais prevalentes em grupos com menor status socioeconômico (SES), apenas uma pequena fração (3% a 12,3%) da associação entre SES e desfechos negativos em saúde pode ser explicada por esses comportamentos.
Este achado tem implicações profundas para as políticas de saúde pública: promover estilos de vida saudáveis, embora benéfico em todos os estratos sociais, não é suficiente para eliminar as disparidades de saúde associadas às desigualdades socioeconômicas. Curiosamente, dados do UK Biobank (um amplo banco de dados prospectivo com informações de saúde de aproximadamente 500.000 participantes do Reino Unido) sugerem que o efeito protetor de hábitos saudáveis pode ser ainda mais pronunciado em participantes com menor SES, indicando potenciais janelas de oportunidade para intervenções direcionadas.
Implicações para políticas públicas e intervenções
A compreensão multidimensional dos fatores que influenciam o consumo de álcool tem implicações diretas para o desenvolvimento de políticas públicas e intervenções clínicas mais efetivas. Abordagens que considerem apenas a quantidade total de álcool consumida ou que foquem exclusivamente em escolhas individuais de estilo de vida, sem considerar os determinantes socioeconômicos e contextuais, terão eficácia limitada.
Para o Brasil, onde aproximadamente 18% dos consumidores de álcool adotam padrões de consumo de alto risco, estratégias integradas que abordem simultaneamente os diversos níveis de influência apresentam maior potencial para redução de danos.
Considerações finais
A relação entre estilo de vida, fatores socioeconômicos e consumo de álcool evidencia a necessidade de uma perspectiva ampliada sobre saúde pública. A formação de hábitos relacionados ao álcool não pode ser compreendida apenas como resultado de escolhas individuais, mas como produto de interações complexas entre neurobiologia, contexto social e determinantes estruturais.
Intervenções eficazes devem, portanto, combinar abordagens direcionadas à modificação de hábitos individuais com políticas mais amplas que abordem os determinantes sociais da saúde. Para o campo da pesquisa, permanece o desafio de desenvolver modelos que capturem adequadamente a complexidade destas interações e traduzam esse conhecimento em estratégias práticas, culturalmente sensíveis e socialmente equitativas.