Em 2023, a Lei Seca comemora 15 anos!
E o CISA preparou um levantamento de dados do número de acidentes durante o período de 2010 a 2021, que foi tema de diversos jornais e matérias.
Assista nosso vídeo para saber mais!
Beber e jogar são atividades que geralmente estão conectadas, que também apresentam ligações em regiões cerebrais que podem levar a comportamentos de risco e consequências sérias para a saúde mental.
Um recente ensaio clínico conduzido nos Estados Unidos investigou o impacto da semaglutida, um medicamento utilizado para tratar diabetes e obesidade, na redução do consumo de álcool. Os achados sugerem que o uso dessa medicação pode ajudar a diminuir tanto o desejo quanto a quantidade de bebida ingerida, abrindo novas perspectivas para o tratamento do transtorno do uso de álcool (AUD).
Uma nova pesquisa1 publicada na JAMA Psychiatry sugere que a semaglutida, um medicamento originalmente desenvolvido para diabetes e obesidade, pode também ter impacto positivo na redução do consumo de álcool. O estudo foi um ensaio clínico randomizado de fase 2 conduzido nos Estados Unidos, envolvendo adultos diagnosticados com transtorno do uso de álcool (AUD). Os resultados mostraram que doses semanais de semaglutida ajudaram a diminuir o consumo de álcool e a redução do desejo por bebidas alcoólicas.
A pesquisa incluiu 48 participantes que não estavam buscando tratamento para o AUD. Eles foram divididos em dois grupos: um recebendo a semaglutida e outro placebo. Após nove semanas de tratamento, os participantes que usaram a semaglutida consumiram significativamente menos álcool do que aqueles no grupo placebo. O estudo também mostrou redução nos episódios de consumo excessivo de álcool (binge drinking) e diminuição do desejo de beber.
A semaglutida pertence a uma classe de medicamentos chamados agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1RAs), que afetam a regulação do apetite e o sistema de recompensa no cérebro. Estudos pré-clínicos já haviam sugerido que os GLP-1RAs poderiam influenciar o comportamento de consumo de álcool, reduzindo a sensação de prazer associada à bebida.
No estudo clínico, os participantes tratados com semaglutida apresentaram menor consumo de álcool quando submetidos a um teste laboratorial de auto-administração de bebidas. Os pesquisadores também observaram que a semaglutida não afetou diretamente o número de dias em que os participantes bebiam, mas reduziu a quantidade ingerida por dia de consumo.
Embora os resultados sejam promissores, os autores destacam que estudos de maior escala são necessários para confirmar os achados e avaliar a segurança do uso prolongado da semaglutida para tratar o AUD. Atualmente, menos de 10% dos indivíduos com transtorno do uso de álcool recebem tratamento farmacológico. Se confirmada sua eficácia, a semaglutida pode se tornar uma nova opção para pessoas que buscam reduzir o consumo de álcool sem se abster completamente.
Se você tem preocupação com o seu padrão de consumo de álcool, é importante conversar com um profissional de saúde antes de considerar qualquer medicamento. O estudo sugere que a semaglutida pode ajudar a reduzir o consumo de álcool, mas não é uma solução universal. Outras abordagens, como terapia cognitivo-comportamental e suporte social, continuam sendo fundamentais para o manejo do AUD.
Com mais pesquisas, a semaglutida pode representar uma opção terapêutica inovadora no futuro. Por enquanto, a melhor estratégia para manter um consumo equilibrado de álcool continua sendo o autoconhecimento, a moderação e o apoio especializado.
Estudo recente1 aponta que o transtorno por uso de álcool permanece subdiagnosticado, apesar de terapias e medicamentos eficazes; enfrentar o estigma, melhorar a triagem e investir em novas abordagens para ampliar o acesso aos tratamentos são pontos destacados.
Consumir bebidas alcoólicas antes ou após o treino pode prejudicar tanto no seu desempenho, quanto na recuperação muscular.
Assista o vídeo abaixo, entenda como e siga algumas dicas para reduzir os riscos e impactos.
A partir do conhecimento científico, CISA contribui há quase 20 anos para a conscientização e prevenção do uso nocivo de álcool
O consumo de bebidas alcoólicas é amplamente praticado em diversas culturas, mas a evidência científica mostra que seu uso nocivo está associado a uma série de riscos à saúde. Uma revisão de evidências analisou os impactos do consumo de álcool em diversas condições de saúde, incluindo mortalidade por todas as causas, doenças cardiovasculares, câncer e efeitos neurocognitivos.
Um estudo recente 1 compilado pela National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine, uma entidade do Governo dos Estados Unidos, revisou sistematicamente as evidências sobre os impactos do álcool na saúde. A metodologia seguiu padrões rigorosos de revisão sistemática, incluindo a busca em bases de dados reconhecidas, seleção de estudos com critérios predefinidos de qualidade e avaliação do risco de viés (qualidade dos estudos) por revisores independentes, seguindo o mais alto padrão em termos de evidência científica. O objetivo foi avaliar a relação entre o consumo moderado de álcool e vários desfechos de saúde, com base em estudos de alta qualidade e revisões sistemáticas.
Um requerimento importante do estudo foi estabelecer um grupo de comparação que não incluísse no mesmo conjunto pessoas que nunca beberam e ex-bebedores, já que isso geraria um "viés de abstinência". Isso pode levar a resultados enganosos, pois as razões para a abstinência podem variar significativamente entre esses dois grupos, incluindo pessoas que nunca beberam por motivos religiosos, e outras que podem ter parado de beber por problemas de saúde. Esse viés poderia trazer uma impressão enganosa sobre a saúde das pessoas que não bebem ser pior do que as que bebem moderadamente. Com a exclusão desse viés dos estudos selecionados, as chances de se ter resultados mais fidedignos sobre os efeitos do uso moderado para a saúde são maiores.
Os resultados destacaram associações importantes entre o consumo de álcool e diversas condições de saúde, incluindo:
Recomendações:
Essas recomendações são particularmente relevantes para indivíduos em situações de risco, como pessoas com doenças cardiovasculares ou histórico familiar de câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que nenhuma quantidade de álcool é absolutamente segura. Gestantes e menores de idade, em particular, devem evitar completamente o consumo de álcool devido aos riscos significativos associados a essas condições.
Pesquisa nacional revela perfil do consumo de álcool no Brasil: metade dos adultos bebe, e quase 1 em cada 5 admite exagerar na dose.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha1, realizada em abril de 2025, revelou que 49% dos brasileiros com 18 anos ou mais costumam consumir bebidas alcoólicas. A maior porcentagem (20%) bebe de uma a duas vezes por semana, enquanto 3% disseram consumir álcool quase diariamente. Outros 13% relataram beber com menor frequência, uma vez por mês ou menos.
Homens (ainda) bebem mais — e com mais frequência
O levantamento apontou que o consumo ainda é mais prevalente entre os homens: 58% deles consomem bebidas alcoólicas, contra 42% das mulheres. Além disso, eles também bebem com mais frequência: 10% dos homens bebem de três a sete dias por semana, índice que cai para 2% entre as mulheres.
Pesquisas mostram, no entanto, que a prevalência de mulheres que bebem vem aumentando ao longo dos anos. Dados do último relatório Álcool e a Saúde dos Brasileiros com base no Vigitel2 mostram que o consumo não abusivo de álcool por mulheres subiu de 16,5% para 22,8% entre 2010 e 2023. Já o padrão abusivo subiu de 10,5% para 15,2% no mesmo período.
Idade, renda e religião influenciam o hábito
O consumo é mais prevalente entre os jovens de 18 a 34 anos, com 58% relatando o hábito. Esse percentual vai diminuindo com a idade: cai para 46% na faixa de 45 a 59 anos, e para 35% entre os maiores de 60.
A renda também tem impacto. Entre os que ganham de 5 a 10 salários mínimos, o consumo chega a 64%, enquanto na faixa de até 2 salários mínimos, apenas 43% relatam consumir bebidas alcoólicas.
A religião aparece como outro fator relevante: 27% dos evangélicos consomem álcool, comparados a 58% dos católicos.
A pesquisa do Ipec3, feita a pedido do CISA em 2023, também mostrou um cenário parecido: os jovens 18-34 anos são os que apresentam menor nível de abstenção (25% apenas não bebem) e maior frequência de consumo uma vez por semana ou a cada 15 dias (23%). Sobre a religião, esta pesquisa também mostrou resultados semelhantes, com 27% dos evangélicos afirmando consumir álcool, contra 50% de católicos.
Jovens menores de idade também bebem
O estudo também investigou o comportamento de adolescentes de 16 e 17 anos, com dados tratados separadamente, e constatou que 27% deles já consomem bebidas alcoólicas. Esse dado é preocupante, pois a ingestão de álcool nessa fase da vida pode ter consequências danosas para o desenvolvimento dos adolescentes.
Quem consome, consome quanto?
Entre os que costumam beber, a média registrada foi de 4,5 doses na semana anterior à pesquisa, considerando cada dose como um copo, lata, taça ou drinque. Vinte e três por cento dos entrevistados afirmaram ter consumido mais de 6 doses no período considerado.
Apesar disso, 81% dos consumidores dizem acreditar que bebem na medida certa, enquanto apenas 18% reconhecem que exageram, sendo que 11% dizem beber mais do que deveriam, e 7%, muito mais.
Queda no consumo: tendência ou percepção?
Quando perguntados sobre o padrão de consumo no último ano, 53% afirmaram que reduziram o consumo de álcool, 35% disseram que ele se manteve estável e apenas 12% relataram aumento.
Em contrapartida, a média de consumo permanece alta: 4,5 doses na semana anterior, o que já pode caracterizar o uso abusivo. Nesse sentido, duas coisas se evidenciam: a primeira, que boa parte da população ainda consome álcool em um padrão nocivo e, a segunda, o descompasso entre a percepção dos consumidores acerca do próprio consumo e as recomendações de saúde pública.
A pesquisa do Ipec3, na mesma direção dos achados do Datafolha, revelou que, entre consumidores abusivos de álcool (que contabilizavam cerca de 17% da população à época da pesquisa), 75% acreditavam ser moderados, dos quais apenas 13% reconhecem que precisam mudar esse hábito.
Esses dados revelam que existe uma parcela importante de pessoas que abusam do álcool e ainda não percebem seu padrão de consumo como problemático, demonstrando a necessidade de políticas públicas que esclareçam sobre o consumo abusivo e seus danos.
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