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Pacientes com dependência de álcool e transtornos fóbicos associados são comumente encontrados na clínica do alcoolismo e dos transtornos de ansiedade. Para os dois campos de tratamento existe o desafio de conhecer melhor as características destes pacientes que apresentam duplo diagnóstico. Algumas questões, se respondidas, representam passos importantes nesta caracterização: quais as características clínicas dos dependentes de álcool que buscam tratamento e apresentam também problemas de fobia? Os dependentes de álcool que apresentam fobias apresentam características clínicas diferentes dos dependentes de álcool sem comorbidades? Os sintomas de ansiedade e outras características clínicas são diferentes entre os pacientes fóbicos com diagnóstico de dependência de álcool e os pacientes fóbicos que não apresentam problemas com o uso de bebidas alcoólicas?
Para responder a estas perguntas os autores compararam as características clínicas e sócio-demográficas de três diferentes grupos de pacientes:
1. Pacientes dependentes de álcool com transtorno fóbico associado (n=110)
2. Pacientes dependentes de álcool sem comorbidades (n=148)
3. Pacientes com diagnóstico de fobia social e agorafobia sem diagnóstico de alcoolismo (n=106).
Para garantir a validade do diagnóstico da comorbidade, este foi realizado após seis semanas de abstinência dos pacientes.
Resultados
Pacientes alcoolistas com transtorno fóbico associado apresentaram maior quantidade de sintomas depressivos e de outras psicopatologias (25% receberam diagnóstico transtorno depressivo de início recente e 52% em algum outro momento da vida).
A maioria estava desemprega, não era casada ou vivia com algum parceiro, e apresentava alta incidência de uso de outras substâncias como: benzodiazepínicos, cocaína e maconha. Uma proporção substancial destes pacientes com transtornos comórbidos havia sofrido algum tipo de abuso físico, emocional e/ou sexual em algum momento da vida.
Quando comparados aos pacientes alcoolistas sem diagnóstico de fobia, ou aos pacientes com transtorno fóbico e não alcoolistas, os pacientes com comorbidade (dependência do álcool e transtorno fóbico) não apresentaram diferenças significativas quanto aos sintomas de alcoolismo e ansiedade, em termos de gravidade e tipo.
Conclusão
Os autores concluem que pacientes com diagnóstico de comorbidade constituem parte complexa da população que busca tratamento em hospitais psiquiátricos e clínicas de tratamento do alcoolismo e que estes pacientes irão entrar em tratamento com um acréscimo de severas complicações sociais e psiquiátricas aos problemas decorrentes do uso do álcool e à desordem de ansiedade. Esta característica possui enorme impacto nos requerimentos necessários ao tratamento, exigindo mudanças para que estes sejam efetivos para esta população.
Os resultados desta pesquisa devem ser levados em conta para a realização de diagnóstico e tratamento de pacientes dependentes de álcool com transtorno fóbico associado.